sábado, 27 de março de 2010
segunda-feira, 22 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
Antígona, Sófocles
Na sexta-feira, conversamos com Emília Silvestre e ficámos a saber que será ela quem vai dar corpo a Tirésias, o profeta cego de Tebas, em Antígona.
sábado, 20 de março de 2010
O Deus da Matança
Dois rapazes andam à pancada depois da escola e um deles parte os dentes ao outro… mas esta história não é acerca deles.
Os pais de Bruno, agora desdentado, conseguem descobrir que foi Fernando quem lhe bateu, e convidam os pais deste para irem lá a casa resolver o assunto como pessoas civilizadas.
O encontro começa num tom muito cordial e civilizado, mas lentamente, pequenas verdades se vão dizendo e insinuando, de parte a parte. O tom amigável e compreensivo com que começaram o encontro é a pouco e pouco substituído por uma desagradável tom de agressão.
Todo o ser humano consegue conter a sua raiva apenas até um certo ponto…e uma vez ultrapassado esse ponto, poderemos finalmente conhecer verdadeiramente alguém…Este será o pior dia da vida deles.
A situação retratada na peça é tão real que podíamos facilmente substituir os personagens por pessoas que nós mesmo conhecemos. Este é o enredo da nova peça de João Lourenço, que estreia hoje na Sala Azul, no Teatro Aberto à Praça de Espanha, com Joana Seixas e Sérgio Praia no papel dos “muito compreensivos” pais de Bruno, o rapaz que ficou com os dentes partidos e, Sofia Portugal e Paulo Pires interpretam os pais de Fernando. (fonte)
Projecto do Serviço Educativo do TNSJ
No dia 13 de Março, o 10.ºE (Literatura Portuguesa) recebeu Luísa Portal, Relações Públicas do TNSJ, a fim de pensar na exposição final.
Dia 15 de Maio já está marcado na nossa agenda!epois da conversa - e do aguçar de curiosidade para a Antígona de Sófocles e de António Pedro - fomos até à EBI/JI da Corujeira. Apesar de se tratar de uma visita surpresa, as Corujinhas estiveram muito bem (como sempre!).
Projecto de interacção dos universos escolar e teatral, pretende aprofundar o olhar e intensificar a experiência de fruição dos espectáculos, criando espectadores mais conhecedores, mais activos, mais críticos. Ao longo de toda a temporada, o TNSJ propõe às comunidades escolares que invistam a experiência adquirida com a frequência dos espectáculos na realização de projectos de expressão plástica ou escrita, que serão depois objecto de uma exposição a realizar nos meses de Maio e Junho. Todo o projecto é desenvolvido segundo uma matriz de responsabilização e autonomia de projecto por parte dos participantes. Pretende-se, antes de mais, estimular a utilização do TNSJ enquanto instrumento de enriquecimento das práticas pedagógicas desenvolvidas em cada escola. Preparar em conjunto a vinda ao Teatro, utilizando os meios que o TNSJ coloca à disposição (visitas ao Teatro, conversas com artistas, espólio do Centro de Documentação) e partindo de um princípio de posicionamento activo perante os objectos artísticos experimentados: procuramos um paradigma que trata todos como agentes maiores de uma relação. (daqui)
Teatro - texto colectivo, sem pés, nem cabeça...
O teatro é diferente.
A vida é extraordinária
o teatro é o lugar do sonho
A vida é razoável
O teatro é um mundo de oportunidades
A vida desafia-nos todos os dias
O teatro é espontâneo
A vida são dois dias.
O teatro é fantástico.
A visa é uma seca.
O teatro é o sonho
A vida é única
O teatro é vida.
A vida também é teatro.
10.ºE
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"Amo-te apenas mais do que um dia"
Ontem fomos ao teatro. Eunice Muñoz, sozinha em palco, encheu-o de outras vozes, de outros fantasmas. Naquele palco, naquela sala os fantasmas do texto, a autoficção, de Joan Didier, misturou-se com as biografias de cada um: com o já vivido, com o que adivinhamos que podemos viver.
Quem é que nunca acreditou que podia reverter o inevitável?
Quem nunca desejou acordar e perceber que tudo era mentira?
Quem nunca desejou acordar e perceber que tudo era mentira?
"Falta-nos uma única pessoa e o mundo inteiro fica vazio."
"As pessoas que perderam alguém parecem nuas porque pensam em si próprias como se fossem invisíveis".
"A melhor maneira de nos maltratarmos é voltarmos atrás"
"A vida modifica-se rapidamente. A vida modifica-se num instante. Sentamo-nos para jantar e a vida, como a conhecemos, acaba."
"Amo-te mais do que apenas mais um dia".
Para memória futura, quem esteve lá:
Cátia, Ana Isabel, Juliana, Joana, Inês, Raquel, Filipa, Bárbara, Rosinda, Mafalda, Joana D., a D. Cristina, os pais da Raquel, a Sara, a prof. Teresa, a prof. Elisa, a prof. Rosa Ana.
O Ano do Pensamento Mágico | Joan Didion
"Os fantasmas não sujam nem desarrumam nem deixam marcas. Da porta ao fundo da sala de estar, talvez 100 metros quadrados, tudo está impecável. No hall de entrada estão perfeitamente arrumadas as fotografias e as flores; o telefone, uma caneta e o bloco de post-its com o nome do casal Didion/Dunne estão alinhados sobre uma pequena mesa. A história está à vista e o que se vê é o que é, a história já não vai mudar. É a casa de toda-uma-vida ainda que ela não tenha vivido aqui toda a vida. Mas as memórias de toda-uma-vida estão nas paredes – nas fotografias ampliadas e assinadas ou nas fotografias mais modestas do marido e da filha e dos três juntos –, estão nas mobílias e estão em todos os gestos que não chegam para encher uma casa vazia. Viver em Manhattan é um sonho. Viver no Upper East Side é um sonho dentro do sonho. A casa é de sonho e de uma elegância que tem pouco a ver com a vulgaridade das lojas de estilistas nos passeios lá em baixo (Yves Saint Laurent e Tom Ford as mais próximas). O sonho é aquilo que fica, mesmo se já não estão as pessoas que o sonham."
Susana Moreira Marques
Excerto de “Quem é Joan Didion”. In O Ano do Pensamento Mágico: [Programa]. Lisboa: Teatro Nacional D. Maria II, 2009. p. 11. (daqui)
O Ano do Pensamento Mágico | Joan Didion
O Ano do Pensamento Mágico | Joan Didion
Encenação de Diogo Infante Com Eunice MuñozEunice está de regresso ao Teatro Nacional D. Maria II. Estas são as palavras mágicas e o resultado é uma casa cheia de espectadores prontos a acarinhar a actriz, a única que podemos nomear sem que seja necessário acrescentar o apelido. Por sua vez, o texto da escritora norte-americana Joan Didion já foi aclamado em Londres.
Em 2003, o marido de Joan Didion morre de ataque cardíaco e, um ano e meio mais tarde, morre a filha. Publicado em 2005, O Ano do Pensamento Mágico foi escrito para exorcizar a autopiedade, fazer o luto, recuperar os mortos e deixá-los partir. Adaptado ao teatro pela autora, o monólogo expõe a dor terrível e íntima, aquela de quem perde os seres que lhe são mais queridos. O "pensamento mágico" começa quando o vazio se instala e a mente começa a ensaiar truques (se guardar os sapatos, ele vai voltar) na esperança de que o morto regresse, contra todas as regras da racionalidade.
Contida, sóbria, Eunice Muñoz compõe a narrativa da perda de forma arrítmica, reproduzindo os movimentos da memória, que fixa e perde pormenores. O relato é minucioso e cada palavra tem um peso. Algumas pausas em lugares inesperados suspendem a descrição, que logo é retomada, embora nem sempre com o mesmo nível de intensidade.
Exímia na arte de dizer, Eunice enche o palco. Atrás da actriz, a cenografia (Catarina Amaro) sugere o drama nas ramificações que se descobrem e crescem, figurando a ampliação da dor - coroas de espinhos entrelaçadas, ou uma rede de sinapses que guardam a saudade. A estrutura destaca-se através das colorações frias de azul e roxo, passando pelo rubor alaranjando e, depois, vai desaparecendo, seguindo o movimento de aceitação (desenho de luz de Miguel Seabra). Não estando em causa o profissionalismo da produção, a questão coloca-se no plano das intenções.
Este é um espectáculo concebido para os aplausos. A palavra mágica "desafio" tudo justifica e engrandece. O monólogo é um desafio, pôr em cena a experiência da morte, contada na primeira pessoa, é outro desafio. A coragem de Joan Didion alia-se à coragem da actriz e temos os instrumentos certos para apertar o coração ao espectador. Frases como "Pensam que só acontece aos outros, mas um dia acontece-vos a vocês" e "A vida muda num instante" trilham o caminho directo às bolsas lacrimais. Pode não ser fácil, mas é demasiado óbvio. O tema, que se quer universal, estabelece uma relação perversa com o sucesso, graças aos nomes, aos prémios (tanto a autora como a actriz são multipremiadas), ao registo confessional. O piano pungente que, no final, acompanha a imagem das ondas projectadas numa tela, é mesmo excessivo, para não dizer kitsch.
Num espectáculo tão repleto de mensagem que lembra o programa de Oprah Winfrey, temos como consolação final a geologia, que ensina a permanência para além da transformação. Podemos ser solidários com a autora, se ela quer exibir o seu luto e dar o exemplo de bravura. A história real, a confissão pública, tudo parece legitimar. Mas é preferível que não nos atirem à cara a consciência da morte ou manipulem as memórias dolorosas para fazer um bom espectáculo. Cada pessoa tem os seus mortos para cuidar. Não há lições de vida.
Rita Martins (Público)
Breve Sumário da História de Deus | Gil Vicente
Breve Sumário da História de Deus | Ensaios 04 from Teatro Nacional São João on Vimeo.
Breve Sumário da História de Deus | Ensaios 04 from Teatro Nacional São João on Vimeo.
"As personagens não saem de cena. Podemos vê-las, podemos não vê-las, mas estão sempre lá, como que presas naquele espaço. Há camas encavalitadas de um lado, camas encavalitadas do outro, de madeira áspera, a remeter para os campos de concentração de Auschwitz-Birkenau."
"Os espectadores entram na sala do Teatro Nacional de São João e os actores já estão no palco. Há uma cortina de tule (quarta parede). Através dela, pode ver-se como se movem ou se deixam estar. É como se redistribuíssem papéis de uma peça já tantas vezes feita. "
"Um anjo criado à imagem da estátua Anjo de Portugal (Joana Carvalho), que Carinhas viu no Museu de Arte Antiga e que pertence ao Convento de Cristo, apresenta o auto. Lúcifer (António Durães), o anjo caído, tem voz de trovão. Satanás (Paulo Freixinho) silva como o Gollum do "Senhor dos Anéis", trilogia cinematográfica de Peter Jackson, a partir de J.R.R. Tolkien. É ele que faz pecar Eva (Lígia Roque), que logo arrasta Adão (João Cardoso), e com ele toda a humanidade até Jesus Cristo (Daniel Pinto) a vir redimir.
Pelo palco, desfila Abel (Pedro Frias), o justo pastor assassinado pelo irmão, Caim. E o inquebrável Job, atingido por sucessivas perdas. E Abraão (Jorge Mota), Moisés (Alberto Magassela), DavidIsaías (Mário Santos), a representar a Lei da Escritura. E, depois deles, João Baptista (João Pedro Vaz), Jesus Cristo. E, entre eles, o Mundo (Pedro Almendra), o Tempo (João Castro), a Morte (Alexandra Gabriel). A Morte, neste espectáculo, é pálida, frágil, andrógina. E Jesus Cristo transborda cor, calor, humanidades" (daqui)
"Os espectadores entram na sala do Teatro Nacional de São João e os actores já estão no palco. Há uma cortina de tule (quarta parede). Através dela, pode ver-se como se movem ou se deixam estar. É como se redistribuíssem papéis de uma peça já tantas vezes feita. "
"Um anjo criado à imagem da estátua Anjo de Portugal (Joana Carvalho), que Carinhas viu no Museu de Arte Antiga e que pertence ao Convento de Cristo, apresenta o auto. Lúcifer (António Durães), o anjo caído, tem voz de trovão. Satanás (Paulo Freixinho) silva como o Gollum do "Senhor dos Anéis", trilogia cinematográfica de Peter Jackson, a partir de J.R.R. Tolkien. É ele que faz pecar Eva (Lígia Roque), que logo arrasta Adão (João Cardoso), e com ele toda a humanidade até Jesus Cristo (Daniel Pinto) a vir redimir.
Pelo palco, desfila Abel (Pedro Frias), o justo pastor assassinado pelo irmão, Caim. E o inquebrável Job, atingido por sucessivas perdas. E Abraão (Jorge Mota), Moisés (Alberto Magassela), DavidIsaías (Mário Santos), a representar a Lei da Escritura. E, depois deles, João Baptista (João Pedro Vaz), Jesus Cristo. E, entre eles, o Mundo (Pedro Almendra), o Tempo (João Castro), a Morte (Alexandra Gabriel). A Morte, neste espectáculo, é pálida, frágil, andrógina. E Jesus Cristo transborda cor, calor, humanidades" (daqui)
PARA SABERES MAIS SOBRE O ESPECTÁCULO
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Breve Sumário da História de Deus,
Gil Vicente
Breve Sumário da História de Deus
"Na hora de eleger o seu primeiro texto enquanto Director Artístico do TNSJ, Nuno CarinhasGil Vicente, depois de em 2007 ter organizado a extroversão de Beiras. A escolha incide sobre um auto de forte pendor religioso, escassamente frequentado por leitores e encenadores: Breve Sumário da História de Deus. Estreado na corte de D. João III “na era do Senhor de 1527”, o auto propõe um especioso mosaico de passos das Sagradas Escrituras – da Queda do Homem à Ressurreição de Cristo – e possui uma densidade retórica que, cruzando a exaltação lírica e o impulso satírico, amplia as potencialidades de representação muito para lá do mero intuito doutrinal. Da adoração de Abel à “voz que clama no deserto” de João Baptista, passando pelas provações de Job ou pelas profecias de Isaías, Vicente promove um castingblockbusters de Hollywood) a maior história de todos os tempos. Também habitado por figuras malignas e pelas alegorias do Mundo, do Tempo e da Morte, Breve Sumário da História de Deus revela-nos, afinal, a misteriosa condição de criaturas cuja desesperada humanidade se redime na esperança de Deus." opta por regressar a bíblico para contar (usemos, para efeitos promocionais, o título de um dos
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Breve Sumário da História de Deus
Vamos ao teatro?
Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente, 25 de NOVEMBRO
encenação Nuno Carinhas
Estreado na corte de D. João III “na era do Senhor de 1527”, o auto propõe um especioso mosaico de passos das Sagradas Escrituras – da Queda do Homem à Ressurreição de Cristo – e possui uma densidade retórica que, cruzando a exaltação lírica e o impulso satírico, amplia as potencialidades de representação muito para lá do mero intuito doutrinal. Da adoração de Abel à “voz que clama no deserto” de João Baptista, passando pelas provações de Job ou pelas profecias de Isaías, Vicente promove um casting bíblico para contar (usemos, para efeitos promocionais, o título de um dos blockbusters de Hollywood) a maior história de todos os tempos. Também habitado por figuras malignas e pelas alegorias do Mundo, do Tempo e da Morte, Breve Sumário da História de Deus revela-nos, afinal, a misteriosa condição de criaturas cuja desesperada humanidade se redime na esperança de Deus. (ver mais aqui)
O Ano do Pensamento Mágico,de Joan Didion, 15 de Janeiro
encenação DIOGO INFANTEcom EUNICE MUÑOZ
Sinopse
"Uma pessoa senta-se para jantar e a vida como até então a conhecera acaba". Na noite de 30 de Dezembro de 2003, Joan Didion e o seu marido, John, entram em casa depois de visitar a filha, Quintana, internada com uma infecção generalizada e com poucas hipóteses de sobrevivência. Joan e John sentam-se para jantar e eis quando, no silêncio que se instala, John morre de ataque cardíaco. Esta história pessoal e universal mostra a profundidade que só as grandes relações têm e reflecte sobre a morte, a doença, sobre a probabilidade e o acaso, sobre o casamento e os filhos, a saudade e a mágoa"
O Deus da Matança, de Yasmina Reza, 19 de Março
encenação João Lourençocom Sofia Portugal, Joana Seixas, Paulo Pires
Sinopse
"Dois rapazes andam à pancada depois da escola e um deles parte os dentes ao outro… mas esta história não é acerca deles."
Os pais de Bruno, agora desdentado, conseguem descobrir que foi Fernando quem lhe bateu, e convidam os pais deste para irem lá a casa resolver o assunto como pessoas civilizadas.
O encontro começa num tom muito cordial e civilizado, mas lentamente, pequenas verdades se vão dizendo e insinuando, de parte a parte. O tom amigável e compreensivo com que começaram o encontro é a pouco e pouco substituído por uma desagradável tom de agressão. Todo o ser humano consegue conter a sua raiva apenas até um certo ponto…e uma vez ultrapassado esse ponto, poderemos finalmente conhecer verdadeiramente alguém…Este será o pior dia da vida deles."
Antígona, de Sófocles, 16 de Abril ESTREIA
encenação Nuno Carinhas"Os dois filhos homens de Édipo, Etéocles e Polinice, morrem numa batalha no mesmo dia. Um a favor e o outro contra a cidade de Tebas, que passa a ser governada pelo cunhado de Édipo, Creonte. Creonte manda enterrar honrosamente ao primeiro, mas lança uma lei de que o segundo não seja velado, nem sepultado..."
O Príncipe de Homburgo, Heidrich Von Kleist, 14 de Maio ESTREIA
encenação Luísa Costa Gomes
Salmo 139 mudado por Herberto Helder
Tu me sondas, Senhor, e me conheces.
Sabes quando me sento e me levanto,
de longe escrutas as menores intenções,
reconheces a minha marcha e vigias o meu sono.
Nada de mim te é estranho.
Adivinhas a palavra que se tece ainda em mim.
Estás em frente do meu rosto, estás atrás das minhas co
e pousaste a tua mão sobre a carne do meu ombro.
– Oh, tua ciência é a mais prodigiosa.
Como fugir à tua Face, como evitar teu Espírito?
Acho -te nos campos celestes e nas funduras da treva.
Se voo nas asas da luz para o outro lado das águas,
agarra -me a tua mão que jamais me deixará.
E se as trevas sem astros se derrubam sobre mim,
para teus olhos as noites nada mais são do que luz.
Foste tu, eu sei, quem ergueu a minha carne,
quem lentamente me urdiu no ventre de minha mãe.
Maravilho -me ao pensar no enigma criado.
De há muito já decifravas labirintos da minha alma,
e vias erguer -se a máquina dos meus ossos obscuros.
Minha vida estava inscrita no teu livro encoberto.
Ainda antes do tempo fxaras os meus dias.
Mas os teus, os teus enigmas, quem os pode decifrar?
Que se estendem pelo tempo como na terra as areias.
Odeio os teus inimigos com um ódio absoluto.
Tu me sondas, Senhor, e me conheces.
Adivinhas a palavra que se tece ainda em mim.
Tu que sabes do meu sono e da minha marcha incerta,
dá -me o caminho secreto para a tua eternidade.
mudado por Herberto Helder
Salmo 139
In Poesia Toda. Lisboa: Assírio & Alvim, 1996, p. 169 -170.
Um dos textos que Nuno Carinhas faz dialogar com Gil Vicente
Sabes quando me sento e me levanto,
de longe escrutas as menores intenções,
reconheces a minha marcha e vigias o meu sono.
Nada de mim te é estranho.
Adivinhas a palavra que se tece ainda em mim.
Estás em frente do meu rosto, estás atrás das minhas co
e pousaste a tua mão sobre a carne do meu ombro.
– Oh, tua ciência é a mais prodigiosa.
Como fugir à tua Face, como evitar teu Espírito?
Acho -te nos campos celestes e nas funduras da treva.
Se voo nas asas da luz para o outro lado das águas,
agarra -me a tua mão que jamais me deixará.
E se as trevas sem astros se derrubam sobre mim,
para teus olhos as noites nada mais são do que luz.
Foste tu, eu sei, quem ergueu a minha carne,
quem lentamente me urdiu no ventre de minha mãe.
Maravilho -me ao pensar no enigma criado.
De há muito já decifravas labirintos da minha alma,
e vias erguer -se a máquina dos meus ossos obscuros.
Minha vida estava inscrita no teu livro encoberto.
Ainda antes do tempo fxaras os meus dias.
Mas os teus, os teus enigmas, quem os pode decifrar?
Que se estendem pelo tempo como na terra as areias.
Odeio os teus inimigos com um ódio absoluto.
Tu me sondas, Senhor, e me conheces.
Adivinhas a palavra que se tece ainda em mim.
Tu que sabes do meu sono e da minha marcha incerta,
dá -me o caminho secreto para a tua eternidade.
mudado por Herberto Helder
Salmo 139
In Poesia Toda. Lisboa: Assírio & Alvim, 1996, p. 169 -170.
Um dos textos que Nuno Carinhas faz dialogar com Gil Vicente
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